terça-feira, 23 de novembro de 2010

Erasmo de Roterdã - O porta-voz do humanismo
Holandês anunciou o fim da predominância religiosa na educação, defendeu a importância da leitura dos clássicos e o desenvolvimento do homem em todo o seu potencial Embora fosse clérigo e profundamente cristão, o filósofo holandês Erasmo de Roterdã  (1469-1536) passou para a história por se opor ao domínio da Igreja sobre a educação, a cultura e a ciência. A influência religiosa vigorou praticamente sem contestação durante toda a Idade Média no Ocidente e ainda no tempo de Erasmo era preciso ousadia para ir contra ela. De qualquer modo, ousadia individual fazia parte das atitudes que um número crescente de intelectuais começava a enaltecer no período de transição para a Idade Moderna, entre eles o filósofo holandês. O pensamento nascente defendia a liberação da criatividade e da vontade do ser humano, em oposição ao pensamento escolástico, segundo o qual todas as questões terrenas deviam subordinar-se à religião.

O antropocentrismo – o predomínio do humano sobre o transcendente – era o eixo dessa nova filosofia, que seria posteriormente conhecida sob o nome de humanismo. A palavra deriva da expressão latina studia humanitatis, que se referia ao aprendizado, nas universidades, de poética, retórica, história, ética e filosofia, entre outras disciplinas. Elas eram conhecidas como artes liberais, porque se acreditava que dariam ao ser humano instrumentos para exercer sua liberdade pessoal.
Influência continental

A mais típica cultura humanista se desenvolveu nas cidades do norte da Itália, mas o mesmo espírito irradiou-se por toda a Europa. Entre os não-italianos, Erasmo foi o representante mais influente desssa corrente de pensamento "Ele era o intelectual mais respeitado e prestigiado de seu tempo e sempre esteve ligado aos círculos de poder europeus", diz Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, professor da Universidade Estadual de Maringá.
A fonte original de todo humanismo foi a literatura clássica. A época era de redescoberta e reinterpretação da produção cultural da antigüidade greco-romana. O interesse por esse período da história foi acompanhado por uma série de mudanças profundas na vida européia: a revitalização das cidades, a formação de redes de comércio entre centros distantes, a consolidação de uma classe mercantil muito abastada, a criação de bancos e a centralização do poder político em torno de cidades ou de reinos. Tudo isso ocasionou a abertura de brechas na autoridade da Igreja, antes onipresente. Por razões evidentes, esse período histórico de grandes transições ficou conhecido como Renascimento, dando origem a uma produção cultural das mais ricas e fecundas de todos os tempos (leia quadro abaixo
A perfeição por meio do conhecimento
Erasmo criticava as escolas de seu tempo, em geral administradas por clérigos que baseavam sua pedagogia em manuais imutáveis, repetições de conceitos e princípios de disciplina com traços de sadismo. O filósofo via nos livros um imenso tesouro cultural, que deveria constituir a base do ensino. "Para Erasmo, a linguagem era o começo de toda boa educação, já que é sinal da razão humana", afirma Cézar de Toledo. Não se trata apenas de alfabetização e leitura, mas de interpretar os textos criticamente, prática que os humanistas e reformadores religiosos introduziram na história da pedagogia. Erasmo acreditava que um bom aprendizado das artes liberais até os 18 anos prepararia o jovem para entender qualquer coisa com facilidade. Como todo humanista, o pensador holandês defendia a possibilidade de chegar à perfeição por via do conhecimento. "Erasmo prenuncia novos rumos para a pedagogia ao deter um olhar mais acurado na infância", diz Toledo. Para o filósofo, ao ensinar era necessário levar em conta a pouca idade da criança – e por isso cercá-la de cuidados específicos – e também a índole de cada uma. O programa pedagógico do pensador era generoso, mas de modo algum democrático. Segundo ele, apenas a instrução religiosa deveria ser para todos, enquanto os estudos das artes liberais estariam restritos aos filhos da elite, que futuramente teriam cargos decisórios.
Erasmo se inseria no panorama cultural como um símbolo da nova era. Num tempo em que os papas insuflavam guerras e acumulavam fortunas e o clero dava fartas mostras de ostentação, hipocrisia e arrogância, Erasmo pregou a volta aos valores cristãos originais, a começar pela paz. Sua obra mais célebre, O Elogio da Loucura, é uma sátira à inversão de valores que detectava na sociedade de seu tempo. A moralidade estava no centro das preocupações do filósofo e deveria, de acordo com ele, ser a fonte e o objetivo final da educação.

História no centro do saber

As críticas de Erasmo ao clero, assim como seu interesse pelos estudos da linguagem, o aproximaram de Martinho Lutero (1483-1546), o monge alemão que deu origem ao protestantismo. Mas o filósofo holandês combatia a idéia de predestinação de Lutero por acreditar firmemente no livre-arbítrio dos seres humanos – todos são capazes de distinguir o bem e o mal, segundo ele. Além disso, sempre pregou o diálogo entre as facções discordantes no interior do cristianismo.

No campo propriamente pedagógico, o interesse de Erasmo pelo conhecimento das línguas antigas semeou o terreno para o estudo do passado, em particular do Novo Testamento e dos primeiros pensadores da fé cristã. A ênfase na história do homem e o estudo dos acontecimentos pretéritos ergueram um dos principais pilares da educação moderna. A cultura medieval, ao contrário, se construíra em torno do ideal de intemporalidade.

Michel de Montaigne - O investigador de si mesmo
Interiorizar-se, duvidar e entrar em contato com outros costumes e pontos de vista são as recomendações do filósofo francês para uma boa formação
O período histórico da Renascença estava em sua última fase quando o escritor francês Michel de Montaigne (1533-1592) chegou à vida adulta. O otimismo e a confiança nas possibilidades humanas já não eram os mesmos e a Europa se desestabilizava em conseqüência dos conflitos entre católicos e protestantes. Esse ambiente refletiu-se na produção do filósofo, marcada pela dúvida e pelo ceticismo. Seus Ensaios são leitura de cabeceira de um grande número de intelectuais contemporâneos, entre eles Claude Lévi-Strauss, Edgar Morin e Harold Bloom.

A obra, originalmente em três volumes, é, a rigor, a única de Montaigne – mais alguns escritos pessoais foram publicados depois de sua morte – e inaugurou um gênero literário. A palavra "ensaio" passou desde então a designar textos em torno de um assunto que vai sendo explorado por meio de tentativas (esse é o significado da palavra essais em francês), mas sem rigores de método. Muitas vezes, não chegam a nenhuma conclusão definitiva, mas convidam o leitor a considerar alguns pontos de vista. No caso de Montaigne, o gênero serve à perfeição ao propósito de contestar certezas absolutas.
Dois dos Ensaios tratam especificamente de educação: Do Pedantismo e Da Educação das Crianças. Neles está claro que o autor pertencia a uma classe emergente, a burguesia, e que se rebelava contra certos padrões de erudição e exibicionismo intelectual ligados à aristocracia. Montaigne assumia também o papel de crítico tanto dos excessos de abstração da filosofia escolástica da Idade Média – que ainda sobrevivia nas universidades – quanto da cultura livresca do humanismo renascentista.

Essas circunstâncias históricas não necessariamente limitam os argumentos do autor, que foi o primeiro a falar numa "cabeça bem-feita" (expressão que Morin escolheu para título de um de seus livros) como objetivo do ensino, em detrimento de uma "cabeça cheia". "Trabalhamos apenas para encher a memória, deixando o entendimento e a consciência vazias", escreveu. Saber articular conhecimentos, tirar conclusões, acostumar-se à aquisição e ao uso da informação – todas essas questões tão problematizadas pelos teóricos da educação de hoje em dia estão no cerne das preocupações de Montaigne. "Para ele, a verdadeira formação residia em saber procurar, duvidar, investigar e exercitar o que é inteiramente próprio de cada pessoa", diz Maria Cristina Theobaldo, professora da Universidade Federal de Mato Grosso.
"Que sei eu?"

O projeto intelectual do filósofo teve a finalidade de testar maneiras de pensar que escapassem do caminho da erudição e da aplicação de idéias alheias. Quando se recolheu para escrever os Ensaios, sua decisão era voltar-se para si mesmo e reconstruir a própria história por intermédio de temas escolhidos ao acaso. "Em Montaigne, o processo formativo coincide com o conhecimento de si, lançar-se nas experiências e tomar posição perante os acontecimentos da vida", informa Maria Cristina.

Ao mergulhar em assuntos tão díspares quanto a perseverança e os odores, o autor realizou investigações que misturam experiências de vida a conhecimentos adquiridos por todos os meios, dos formais (tratados e clássicos literários) aos informais (conversas, leituras ligeiras, lendas populares). A primeira pergunta é "que sei eu?", para começar com uma grande dúvida e não com uma grande certeza – nem mesmo a certeza de não saber nada. Como cronista, Montaigne invariavelmente se declara ignorante e inculto, embora seus ensaios estejam recheados de citações gregas e latinas – uma das muitas contradições propositais que os tornam tão ricos.Leitor devoto da tradição filosófica cética, Montaigne foi partidário da idéia de que a razão por si mesma não garante a existência de nada nem sustenta argumento algum. O homem, para ele, não era o centro do universo, como queriam os renascentistas, mas um elemento ínfimo e ignorante de um todo misterioso e muito mais próximo dos animais e das plantas do que de Deus. A escrita amena e ponderada dos Ensaios muitas vezes impede que, numa primeira leitura, se perceba seu potencial demolidor – tanto que a obra só foi proibida pela Igreja mais de 80 anos após a morte do autor. Não que ele fosse ateu. Considerava-se cristão, mas não aceitava dogmas nem, sobretudo, a lógica que a religião costuma imputar aos desígnios divinos. Daí que só resta ao ser humano voltar-se para si, porque as únicas certezas que tem de antemão se referem aos limites do corpo e à inevitabilidade da morte. Sobre o mundo exterior, a melhor atitude é comportar-se sempre como um estrangeiro em seu primeiro dia numa terra estranha – pelo menos evitam-se as idéias preconcebidas e legitimadas apenas pela tradição.

Coerentemente com tais idéias, Montaigne chegou a uma concepção de ética que também difere muito das idéias estabelecidas em sua época sob a influência do platonismo e do cristianismo. Para o filósofo, os valores morais não podem ser objetivos e universais, mas dependem do sujeito e da situação em que ele se encontra.

“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo,
torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente,
ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se
a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda."
Paulo Freire
O Renascimento

O Renascimento, ou Renascença, foi um período compreendido entre os séculos XV e XVI e é assim denominado por representar uma retomada dos valores greco-romanos. Esse período desencadeia outro movimento: o Humanismo, movimento esse que prega a valorização do antropocentrismo como medida de superação do teocentrismo, que prevalecia na Idade Média. O referido movimento Humanismo prega, propriamente, a valorização dos valores humanos e terrenos. A visão passa a ser humanista. Acentua-se na Renascença a busca da individualidade, caracterizada pela confiança no poder da razão de cada um para estabelecer seus próprios caminhos.
Durante esse período, acentua-se a decadência do feudalismo, principalmente em decorrência do novo modo de produção capitalista, e a ascensão da burguesia. O espírito inovador do Renascimento se manifesta inclusive na religião, com crítica estrutura autoritária e decadente da Igreja, centrada no poder papal. Iniciam-se movimentos de ruptura com esse modelo autoritário representados pelo luteranismo, calvinismo e anglicanismo. Esses movimentos pregavam uma ruptura com alguns preceitos impostos pela igreja. Devido expansão e a forte adesão que esse movimento protestante estava adquirindo, a Igreja reagiu prontamente com a Contra - Reforma, com o intuito de reafirmar os princípios de fé e a supremacia papal, criticada pelos protestantes por não se enquadrar aos moldes propostos pelos Renascentismo.
Com relação a pedagogia, a produção intelectual, seja na literatura ou filosofia, demonstra o interesse em superar as contradições entre o pensamento religioso medieval e os anseios da secularização da burguesia. Nesse contexto de crítica tradição, a educação procura bases naturais, não religiosas, a fim de se tornar instrumento adequado para a difusão dos valores burgueses. Esse ideal é defendido com vigor na obra de literatos, filósofos e pedagogos, apesar de não ser alcançado nas escolas. Apesar da grande produção intelectual não representar uma filosofia de educação como sistema de pensamento coerente e organizado, com exceção do humanista espanhol Vives, o que existe são esboços e fragmentos de reflexão sobre a teoria da educação e pedagogia, que faz parte de uma produção filosófica mais ampla, como é o caso de Erasmo, Rabelais e Montaigne.
A educação é muito importante no Renascimento. Educar torna-se uma questão de moda e uma exigência, segundo a nova concepção de homem, e os colégios proliferam-se, assim como os manuais para alunos e professores. Enquanto os homens muito ricos ou da alta nobreza continuam a ser educados por preceptores em seus próprios castelos, a pequena nobreza e a burguesia querem educar seus filhos e os encaminham para as escolas, na esperança de melhor prepará-los para a liderança e a administração da política e dos negócios. Já os segmentos populares, em geral, não têm seus interesses pela educaç o levados em conta.
A meta da escola n o se restringe transmissão de conhecimentos, mas formação moral. Diferentemente da idade média é proposta uma nova hierarquia, a qual submete as crianças a uma severa disciplina inclusive a castigos corporais. O regime de estudos é de certo modo rigoroso e extenso. Não é abandonada a ênfase no estudo do latim, com freqüente descaso pela língua materna. Esse sistema educacional é duramente criticado pelos humanistas, sobretudo por Erasmo e Montaigne.
Embora presente em teoria o ideal de secularização do humanismo renascentista, esse nem sempre se cumpre, pois a implantação da maioria dos colégios fica por conta das ordens religiosas. Apesar disso, s o criadas, por iniciativa de particulares, outro tipo de escola que melhor se adapta ao espírito do humanismo; essa educaç o leiga propõe uma formaç o intelectual voltada para o ideal renascentista da mais ampla cultura humanística, com atenç o especial ao estudo do grego e do latim. Nesse modelo, embora objeto de cuidado a disciplina procura ser menos rude e intolerante. Na Itália destaca-se o trabalho de Vittorino da Feltre (1373? -1446), que pode ser considerado o primeiro grande mestre de feitio humanista. Feltre, em sua escola, cuida não só de recreação e exercício, mas do desenvolvimento do convívio em sociedade e do autodomínio.
Nesse período, desenvolveu-se também a educação religiosa reformada, proposta pelos protestantes. Em oposição educação proposta pelos protestantes surgiu o colégio dos jesuítas, o qual primava na formação dos mestres para que houvesse eficiência em sua pedagogia. O ensino nos colégios jesuítas seguia as regras do ratium studiorum.
De acordo com o exposto, evidencia-se que o renascimento é um período de contradições, típico de época de transições. Nesse período, a classe burguesa, enriquecida, assume padrões aristocráticos e aspira a uma educaçõo que permita formar o homem de negócios, com conhecimento das letras e, também, que possa desfrutar dos prazeres da vida e do luxo, o que era proibido na Idade - Média.



BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. São Paulo: Moderna. 2ª ed, 1996.
 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE)

O PNE é um plano de governo; é um documento-referência que estabelece diretrizes, metas e prioridades para o setor educacional brasileiro, com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino em todo o país. Entre as principais diretrizes estão: a universalização do ensino em todo o Brasil e a criação de incentivos para que todos os alunos concluam a educação básica.
O PNE foi elaborado pelo Ministério da Educação, fundamentado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). O plano foi enviado pelo governo federal ao Congresso Nacional em dezembro de 1997. Parlamentares apresentaram um projeto substitutivo e, após muitos debates e a criação de emendas, o plano foi aprovado no final de 2000 e sancionado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em 9 de janeiro de 2001.
Nosso primeiro Plano Nacional de Educação foi elaborado pelo Conselho Federal de Educação somente em 1962, como cumprimento do estabelecido na Lei de Diretrizes e Bases, de 1961. O segundo Plano Nacional de Educação foi elaborado em conformidade com a Constituição Federal de 1988, Art. 214, que estabelece “plano nacional de educação, com duração plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em diversos níveis e à integração das ações do Poder Público”.
 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. O estudo das " ciências da educação" não faz educadores. EDUCADORES não podem ser produzidos. EDUCADORES nascem".
Rubem Alves

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PAULO FREIRE

Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife.
Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e
métodos". Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos - RN, em 1963.
A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um de um ponto de vista processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.
Grande parte da contribuição teórica de Paulo Freire resultou de suas experiências no nordeste do Brasil e em outros países da América Latina. Entretanto os diversos trabalhos que Paulo Freire exerceu nos países da África também contribuíram enormemente para enriquecer sua prática e sua teoria pedagógica, levando-o a repensar certos métodos e idéias de primeiro momento político-pedagógico.
. A partir da experiência de Angicos/RN, Paulo Freire avança com sua pedagogia pelo Brasil até ser preso após o Golpe Militar.
O exílio representou para ele a possibilidade de outras experimentações, de muitas vivências, de reconhecimento e consolidação de sua concepção e prática pedagógicas.
Bolívia, Chile, Estados Unidos e Suíça foram países-casa, territórios e povos que acolheram Paulo Freire e projetaram o educador para todo o mundo. Foi o exílio pedagógico, da produção, do aprendizado e da maturidade.
Atuou na Universidade Católica de Santiago, foi consultor especial da UNESCO, trabalhou na formação de adultos camponeses no Chile e depois na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos indo para Genebra, na Suíça, onde integrou o Conselho Mundial das Igrejas, como conselheiro educacional de governos do “terceiro mundo”.
Trabalhou no continente africano, em grandes projetos educacionais, inovando no método de alfabetizar, dialogando e transformando realidades de silêncio em vidas repletas de palavras e atos. “Andarilhou”, por toda a década de 1970, por países de todos os continentes.
Freire foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa. Recebeu numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. No Brasil, após o exílio, foi professor da Faculdade de Educação da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
No Brasil e no mundo, Paulo Freire é referência da educação libertária e libertadora, seja na educação popular, o foco principal de sua obra pedagógica, seja na educação em geral.
Mas sua influencia está além do campo específico da educação. Além de tantos outros campos de saber, Freire está presente em muitos movimentos sociais de caráter progressista, como o Fórum Social Mundial e  o Fórum Mundial de Educação.

Faleceu no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 02 de maio de 1997, vítima de um infarto agudo do miocárdio. Deixou 5 filhos e viúva.